31.7.06

Dos vizinhos e outras vivências

Hoje a tarde, por volta das cinco horas peguei o elevador com uma pessoa estranha, fazia tempo que eu não entrava no elevador junto com alguém que eu nunca tinha visto. Descobrir que se tratava de uma vizinha, do primeiro andar, que deve ter se mudado há uns quatro meses, talvez cinco. Ela ficou visivelmente incomodada. Acho que ela gosta de andar sozinha em elevadores.

Assim que ela desceu falando em voz alta, meio que se justificando por estar mexendo em sua bolsa, para não me fitar, me veio uma reflexão e várias lembranças... Lembranças da época que realmente tinhamos vizinhos, aqueles que moravam nas casas ao lado. Que emprestavam algum eletrodoméstico. Aqueles com os quais trocavamos bom-dias e até-logos.

Perdemos essa convivência, sorte de quem ainda a tem. Que pode pedir socorro literamente em momentos de dificuldade (foi meu caso, quando cortei a mão pulando um muro e o casal de vizinhos do lado esquerdo prontamente me ajudou). Quando entrei em casa, sentei na sala e parei um pouco para pensar nesse assunto. Me dei conta de como nem ligamos mais para isso, nem percebemos da importância que essas coisas tem em nossas vidas.

Apenas nos trancamos, cada um em seus apartamentos, com seus olhos-mágicos-que-não-conseguem-enxergar-mais-que-o-corredor, e achamos tudo normal. Deu uma saudade tremenda da Rua Vicente Ferreira, na torre, onde morei durante 11 anos. Por acaso, passei por ela esta semana e vi que um lado da rua está todo tomado pelos prédios. Os antigos vizinhos, já não moram mais lá. Se foram. Talvez em busca de um local onde ainda possam ser realmente vizinhos uns dos outros.

28.7.06

Sal de Frutas

Pequenas constatações e indagações nos últimos dias:

- Os ônibus de Recife estão cada vez mais lotados. A população aumentou, ou tiraram os preciosos coletivos das ruas?

- Os buracos não param de surgir na cidade. Será que foi contratada alguma empresa pelo avesso? Ou seja, pra abrir em vez de tapar?

- O frio é grande, mas faz muito calor também. O clima está doido? Ou sou eu quem já chegou na andropausa (se isso não existe, acabei de inventar) aos 23 anos de idade?

- As árvores são fáceis de achar. Ficam plantadas no chão. Será?

- As flores. Quando "florem"?

- Os rios que cortam a cidade. Estes, já morreram? São perenes as esperanças?

- O céu lá em cima da minha cabeça. Azul seria se eu não fosse tão preocupado com o céu de minha boca que aqui embaixo nada chove?

- Quanto de fato custa um real?


Pausa, abro o envelope, meio copo d'água na mão esquerda...
Xiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiii, onomatopéicamente as dúvidas se dissolvem.

26.7.06

Rebento

Após um puxão de orelha virtual de Samarone, que idagou "a falta de constância" - aliás constância é uma palavra que acho linda - neste blog que os senhores vos lêem agora, eu aceito o desafio e vou tentar postar com mais frequência.

O assunto de hoje vem sendo a minha alegria diária e é simplesmente maravilhoso: ser pai.

Fiquei sabendo faz pouco tempo. E hoje tive uma experiência pra lá de fantástica, apenas quem já viveu sabe o que estou dizendo. Eu vi e ouvi o coração dele(a) bater. Algo inexplicável, um ser de poucos centímetros com um coração batendo forte, linear, obstinado a 123bpm.

Fiquei mudo. Em uma espécie de transe, que só foi quebrado por um gesto delicado e doce que pude receber. Minha companheira, a mãe desse ser único, esticando a mão pra mim e sorrindo, linda, como jamais a vi.

Quando soube da notícia me senti incapaz de escrever algo sobre esse pequenino ser que está em formação, mas que já amo tanto desde do dia em que conheci minha morena. Fica aqui então meu registro de felicidade por uma nova etapa em nossas vidas. Fica aqui o registro de minha incapacidade em descrever tamanha alegria e amor que não tem medida e nunca terá...

Como cantaria tio davi com sua belíssima voz:

"Rebento, tudo que nasce é rebento
Tudo que brota, que vinga, que medra
Rebento raro como flor na pedra
Rebento farto como trigo ao vento"

Para Carol pelo sorriso lindo neste início de manhã , e a Samarone pelo puxão de orelha especial.

20.7.06

Dia mundial do amigo

Amigo

Comigo

Sorriso
---------------------
Semmigo

Não vingo

18.7.06

Poeminha Andarrrrrrilho Sonhador

Hoje me deu uma vontade danada de escrever.
Aí parei, respirei fundo, contei até dez e a vontade passou.
Ainda bem.
Por pouco não fui atacado mais uma vez por essa coisa voraz que tenta romper as barreiras de meu cérebro e sair pelo mundo, solto, em debandada.

Essa coisa que não sei o nome, mas que me assola vez em quando. Eita lá...
Preferiria escrever um poema, ou um poeminha como diria o meu amigo (e de quem não é) Vinícius de Moraes.

Hoje eu acordei mais cedo, tomei sozinho um copo de suco de anteontem que estava apurado na geladeira.
Sonhei com meus filhos e tentei pensei mais um pouco sobre as palavras. Aquelas primeiras que eles dirão.

A minha foi Peixe, você sabe qual foi a sua?
Não se lembra?
Pergunte aos seus pais.

Lá vem o ônibus. O Avenida do Forte. Bem que ele poderia ser chamado de Cingapura-Avenida do Forte, de tão demorado que é pra passar um...

Peguei o troco; quarenta centavos.
Dá pra comprar um elefante branco ali na esquina da razão com os sonhos.

Onde perdi meu juízo e até hoje procuro com a desculpa de dizer que vou comprar novos óculos, para esses olhos que oxalá meus deus, não precisem jamais de contato com lentes.

Atravesso fora da faixa, mas ela - a faixa - faz um esforço e se desloca, teima em passar por baixo dos meus pés, esses que há muito tempo já não tocam o chão.

11.7.06

Memórias...Hein?!

Não vou mais falar de Copa do Mundo. Chega! Pelo menos nos próximos 4 anos. Como bom brasileiro tenho memória curta e já esqueci a nossa campanha no Mundial da Alemanha... Mundial? Que Mundial? O de noventa?

Vamos falar de outros assuntos. Que são sempre os mesmos. Agora temos eleição. Maravilha hein? Façamos um exercício besta, mas de suma importância. Você se lembra em quem votou na última eleição para deputado estadual e federal?

Ok? Fácil essa pergunta, né? Aumentemos então o nível de dificuldade: Você sabe qual desses cadidatos, que aí estão, pedindo seu voto novamente com a maior cara lisa, estão envolvidos em escândalos, roubalheiras e trambicagem (essa palavra é linda)? Porque ninguém faz uma "listinha" mostrando a cara, o nome completo e a legenda dessas criaturas?

A culpa é toda nossa. Não temos memória, nem amor próprio para com o nosso bolso e nossos interesses coletivos. É cada um por si e deus contra todos. Salve-se quem puder!
"Deixe meter a mão", diz um bonzinho. "É assim mesmo", fala o outro conformado. E nessa pisadinha seguimos com quase 25 anos dessa "democracia", onde poucos levam tudo e a todos resta ficar olhando e achando bonito. Nos unamos contra a safadeza generalizada.

Pois é... Faça um esforcinho. Tente lembrar onde você passou as férias de 2000. E o reveillon de 2004 para 2005? Você estava onde? Parece bobagem, mas quando foi a última vez que você deu flores a alguém que ama? Esse sim é o verdadeiro exercício de cidadania. Preserve sua memória. Respeite sua inteligência. Passe um pano úmido. Tire a poeira. Use o espanador da consciência. Esse é o ponto necessário para não sofrer depois com "dores-de-cabeça" incuráveis.

E tenho dito!

7.7.06

Placas de aviso

SILÊNCIO! GÊNIO PENSANDO.

6.7.06

Este imenso Portugalll

Tanto Mar - Versão Brasileira = Barba Vision
(Chico Buarque 1978 / Tiago Martins 2006)

Foi tão triste o jogo, pá
Fiquei demente
E inda guardo, renitente
Um velho cravo para mim

Já murcharam tua festa, pá
Mas certamente
Esqueceram uma semente
Nalgum canto do jardim

Sei que há léguas a nos separar
Tanto mar, tanto mar
Sei também quanto é preciso, pá
Navegar, navegar

Veio inverno, pá
Cá estou carente
Manda novamente
Algum cheirinho de alecrim

PS:Singela homenagem aos nosso irmãos patrícios que lutaram até o fim, acreditando que o sonho jamais se perde.

5.7.06

Ah! A azzurra!!

Ontem fiquei extremamente feliz! Finalmente consegui assistir uma partida decente de Copa do Mundo. Tudo bem que teve Portugal e Holanda, México e Argentina, que foram outros bons jogos. Mas nenhum se compara a esse Alemanha e Itália nesta terça-feira azulada que foi...

O país que tem uma grande tradição de artistas plásticos, no jogo da semi-final, fez duas belas pinturas. E não foi só isso. No início da prorrogação os italianos começaram decididos a liquidar a fatura. Colocaram duas belíssimas bolas na trave (em apenas dois minutos de prorrogação). Um verdadeiro show de garra e raça. Posso até estar exagerando aqui, mas os caras jogaram muito!

Mesmo com todo esse escândalo no Campeonato Italiano, que é dos melhores do mundo (se não o melhor) os conterrâneos de Caravaggio e Da Vinci mostraram força, vontade de jogar e acima de tudo superação. Mesmo com muitas estrelas, os azuis (da itália) não ficaram contando de galo e muito menos fazendo oba oba, entraram e jogaram bola.

Se não me engano (me corrijam se estiver errado) a seleção é toda nacional, ou seja, formada por jogadores que atuam no país. Esse é o reflexo claro de um trabalho de investimento e cuidado com o que é da própria terra. Acho que está na hora dos times brasileiros acabarem de olhar pro seus rabos e umbigos e começar a levantar a cabeça para enxergar mais adiante.


PS: Lógico que lá é primeiro mundo e etc, mas fica então o exemplo para o planeta e para nós brasileiros. Avante Azzurra!

4.7.06

Só pra contrariar

Em homenagem ao africano Zinedine Zidane, que mostrou ao brasil com quantos banhos se faz um lavada, segue um singelo poema do poeta parisiense (esse sim francês, lógico!) Charles Baudelaire.

Sem cólera te espancarei,
Como o açougueiro abate a rês,
Como Moisés à rocha fez!
De tuas pálpebras farei,

Para meu Saara inundar,
Correr as águas do tormento.
O meu desejo ébrio de alento
Sobre o teu pranto irá flutuar

Como um navio no mar alto,
E em meu saciado coração
Os teus soluços ressoarão
Como um tambor que toca o assalto!

Não sou acaso um falso acorde
Nessa divina sinfonia,
Graças à voraz Ironia
Que me sacode e que me morde?

Em minha voz ela é quem grita!
E anda em meu sangue envenenado!
Eu sou o espelho amaldiçoado
Onde a megera se olha aflita.

Eu sou a faca e o talho atroz!
Eu sou o rosto e a bofetada!
Eu sou a roda e a mão crispada,
Eu sou a vítima e o algoz!

Sou um vampiro a me esvair
Um desses tais abandonados
Ao riso eterno condenados,
E que não podem mais sorrir!

2.7.06

Sem comentários

Foi como recuar uma bola e o goleiro pegar com a mão.

Foi como um argentino ser eleito o melhor jogador do Brasileirão

Foi como se o Cristo fechasse os braços.

Foi como se o maestro faltasse e a orquestra se danasse.

Foi igual a cachorro quando cai da mudança.

Foi feito cego em tiroteio.

Foram todos os lugares comuns em lugar nenhum...