28.7.10

Em branco

Sou uma folha em branco. Não sei o que escrever, não sei o que será escrito.

Uma página totalmente em branco, aguardando os próximos capítulos dessa novela.

A da vida real.

Real?

19.7.10

Despedida

12.7.10

Coração-jardineiro



Sexta-feira recebi um telefonema do meu pai. Ele dizia que queria levar Dora na pracinha* pra plantar uma muda de Nim, árvore indiana. Achei aquilo lindo, algo singelo e ao mesmo tempo cheio de emoção. O simples anda sempre perto dos bons sentimentos.

Dora plantou o Nim e de alguma forma reconectou as raízes da gratidão (só lembro de tia ana, quando ouço essa palavra, gratidão) com os nossos antepassados, pois - de alguma forma - já passaram pela pracinha* cinco gerações da nossa família.

Agora nesse exato instante vejo uma chuvinha bem fina lá fora. Tão fina que às vezes bate um vento e a chuva torna a subir, como se quisesse voltar pra nuvem de onde saiu. O Nim deve estar feliz da vida, bebendo sua aguinha e crescendo forte. Falei isso pra Dora, e os olhos dela brilharam de alegria.

Esse brilho me remeteu a outro olhar, o da minha avó, a "bijó lúcia" de Dora, Cauê, Malu, Nanda, Camila, Luana, Vicente e Pedrinho. Em uma fração de milésimos de segundo vi diante de mim um fio imenso, com Dora numa ponta plantando a árvore que vai crescer junto com ela, e na outra ponta minha avó, deitada numa cama, de onde se despede aos poucos, dessa vida, e das pessoas a quem sempre amou indistintamente.

Ela disse a mim e a Carol (quando ainda estava no hospital) que está feliz por estar lúcida e poder resgatar nesta vida muita coisa, aparar as arestas e de não precisar levar adiante consigo. Lembrei da avó de Saramago, que era menino quando ela aos 90 anos soltou um suspiro olhando as estrelas na soleira do quintal e disse: "O mundo é tão bonito que eu até tenho pena de morrer".

Vejo esse fio tênue e muito fino, que todos nós caminhamos, nos equilibrando com o maior cuidado para chegar lá na frente e olhar para trás, nem sempre enxergando o fim, ou no caso o início dele. Mas, podendo dar aquele sorriso largo, e ter a certeza e a alegria de lembrar que no meio do caminho foram plantadas muitas árvores.


* A pracinha é a Praça Eça de Queiroz, que ganhou esse nome em homenagem ao pai do meu pai, no caso o "bijô Ado", de Dora. Ele adorava Eça de Queiroz, e o prefeito Pelópidas da Silveira era seu amigo na época.

No mistério do sem-fim
equilibra-se o planeta.

E, no planeta, um jardim,
e, no jardim, um canteiro;
no canteiro uma violeta,
e, sobre ela, o dia inteiro,

entre o planeta e o sem-fim,
a asa de uma borboleta
(Cecília Meireles)

5.7.10

Desbotando

Aos poucos a cidade vai perdendo o colorido. Acabou-se o São João, acabou-se a Copa.

Aos poucos vamos retornando ao normal, cidadãos-griz, cheios de contas a acertar, neste e n'outros mundos.

As bandeirolas e os balões já não fazem mais sentido, assim como aqueles enfeites de natal que teimam em permanecer enganchados em alguma árvore lá por meados de fevereiro.

As cores agora dão lugar ao lúgubre branco encardido, tal qual nossas almas e pensamentos. Vão dando lugar as cores dos partidos e dos partidários.


"- Vamos tirar as bandeirinhas da varanda?" Disse a mamãe.

E a filha do alto dos seus 3 anos e meio respondeu na lata, desse jeito que só as crianças sabem fazer tão bem.

"- Não, mamãe. Daqui a pouco vai ter outra festa!"

Não creio que ela estava se referindo às eleições.

Pena que o "daqui a pouco" seja tão diferença entre a percepção dos adultos e das crianças...

1.7.10

Faltou criatividade?



Tremei críticos pernósticos! Aqueles que vaticinaram o fim do mundo e das boas ideias.

Sim caros seis leitores, a criatividade ainda está viva e à solta.

Um clique no título do post e quatro minutinhos pra limpar a sua mente de tanta tranqueira cibernética e afins... Pode mergulhar, é de graça.

"As coisas têm peso, massa, volume, tamanho, tempo, forma, cor, posição, textura, duração, densidade, cheiro, valor, consistência, profundidade, contorno, temperatura, função, aparência, preço, destino, idade, sentido. As coisas não têm paz"

(Arnaldo Antunes e Gilberto Gil)


PS: Obrigado, Carol pela dica do clipe! Boa sorte meu amor!