11.10.06

Sete décadas de luta

Hoje é aniversário de Tom Zé. Esse baiano de Irará está completando 70 aninhos.
E deu uma declaração dizendo que "sofria de juventude". Não vou ficar aqui enumerando as qualidade desse grande artista que o nosso país ainda não deu o merecido reconhecimento. Nem vou ficar incesando o Tom Zé, pois a mídia o redescobriu depois de um ostracismo total, e já faz esse serviço.

Ele é um cara que nunca deixou de acreditar em sua arte e que disse certa vez: "Comecei a fazer música porque quando era pequeno ouvi um som de uma fonte de água lá em Irará, onde nasci e decidi imitar esse som. Até hoje não consegui, então continuo buscando. Só vou parar de tocar quando atingir esse objetivo".

Fica aqui minha homenagem a essa figura ímpar, um compositor folclórico no termo amplo da palavra.

COMPLEXO DE ÉPICO

Todo compositor brasileiro é um complexado.
Por que então esta mania danada,
esta preocupação de falar tão sério,
de parecer tão sério
de ser tão sério
de sorrir tão sério
de se chorar tão sério
de brincar tão sério
de amar tão sério?

Ai, meu Deus do céu,
vai ser sério assim no inferno!

Por que então esta metáfora-coringa
chamada "válida",
que não lhe sai da boca,
como se algum pesadelo
estivesse ameaçando os nossos compassos
com cadeiras de roda, roda, roda?

E por que então essa vontade
de parecer herói ou professor universitário
(aquela tal classe que ou passa a aprender com os alunos- quer dizer, com a rua -
-ou não vai sobreviver)?

Porque a cobra
já começou a comer a si mesma pela cauda,
sendo ao mesmo tempo a fome e a comida
Eu invento a resignação
Você inventa o pecado
E eu fico no inferno

Valei-me deus

1 Comments:

Blogger Gio said...

Show.
Tom rules!

6:42 PM  

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