22.4.09

Para o alto, para a terra


Bem na frente do meu campo de visão - aqui no meu trabalho - estão construindo um prédio. Faça chuva ou faça sol os camaradas estão ali, já pelo sétimo andar, pendurados, com suas roupas azuis e seus capacetes amarelos. Vão cada vez mais para o alto, pra perto das nuvens. Cada vez indo mais longe do chão, para garantirem seu feijão com arroz no final do dia, bem aqui, no térreo.

Fico maravilhado com a capacidade do ser humano inventar as coisas. Nos dias de hoje é normal, estamos acostumados com prédio, aviões, navios, metralhadoras e napalmes. Acho que ainda não perdi esse brilho no olho. Essa faísca pelo encantamento das coisas criadas pelo homem e que se encerram em si próprias.

Construímos prédios altíssimos, e moramos um embaixo do outro (ou encima, depende do ângulo que se olha). Ficamos a metros de distância do chão, mas todos os dias precisamos descer cá embaixo, na terra, para dar prosseguimento às nossas vidas.

No prédio aqui da frente os caras trabalham com afinco. Há seis meses não existia nem esboço desse edifício. E agora já dá para perceber sua estrutura, o local do elevador, o local das escadas, essas coisas que nos levam todos os dias para o alto, e para a terra.